A TelexFree mal chegou na Bolis e
trouxe também um tal Revolution. E virou febre nas universidades. Ta certo que
pouco se fala em medicina nas universidades de Santa Cruz; o assunto é sempre
compra e venda de diplomas, “compra” de CRM, poder trabalhar no Brasil sem
fazer prova de revalidação, comprar vaga de transferência para a terrinha sem
fazer prova (ou vestibular) e, agora, a modinha nos corredores das faculdades é
o Tal Revolution. Mas que diabos é esse tal Revolution?
Além de ser uma maravilhosa música dos
Bleatles, Revolution
é um sistema de Pirâmide que alguém (já ouvi dizer que era um pastor americano,
o prefeito de Santa Cruz, o coronel da polícia, o dono de um famoso
hipermercado local) criou para, digamos assim, “distribuir dinheiro”.
Imagine-se chegando para ter sua
aulinha de psiquiatria na universidade e ver vários alunos alvoroçados e
esbaforidos com a expectativa de ganhar um dinheirinho fácil. E um ou outro te
pergunta se você, sortudo, por viver essa época de frutos maduros caindo dos céus,
não quer participar do “sistema” que vem dando dinheiro aos ventos. Que
sistema é esse, como funciona isso? Eu, o mero inocente, pergunto, (sabe de nada,
inocente) sobre o que exatamente estão falando. E então em pouquíssimos
segundos, me explicam de que se trata o Revolution (a música dos Beatles me
veio irremediável e imediatamente nesse momento à cabeça – sou mesmo de outro
tempo).
Começou ele: “é assim, tu entra
com 100 dólar e daqui uns 3 ou 4 dia, tu recebe 800”. A ganância é meu pecado
favorito, já dizia o diabo, e eu ando meio fraco para com essas tentações e resolvi
esquecer um pouco a prova de psiquiatria e me concentrar em analisar o tal
Revolution. E ele continuou: “funciona assim, tem a cor vermelho, azul e (...)”
e foi me explicando como funciona o método e como, em poucos dias,
milagrosamente, ganharia 700 “dólar”.
Trata-se de uma pirâmide
financeira. Quem não conhece as pirâmides financeiras, antes de embarcar numa
dessas, deveria conhecer. Uma pirâmide, triangular (claro!) determina quem vai
ou não ganhar uma grana naquele momento. Quem está no topo da pirâmide, leva o
cash; quem está na base, precisa chegar até o topo para ganhar, só que são poucos os que chegam ao topo. Quer saber mais?Leia aqui.
Pois é, as pirâmides chegaram na
Bolis com força e os alunos brasileiros caíram pra cima em busca de uma grana
fácil, #sóquenão. Muita gente ganhou dinheiro; porém, mais gente perdeu dinheiro do
que ganhou. A conta é bem simples; de cada 8 pessoas, apenas 1 ganha (mas não
vou fazer cálculos explicativos aqui, nem é o objetivo deste artigo). Claro que
teve muitos que ganharam, sei de gente que ganhou mais de 2 mil dólares nessa
pegada; mas sei de muitos que perderam seus cenzinhos; muitos! Só que os que
ganham chamam mais atenção do que os perdem e são poucos os que perdem que admitem
(vergonha?). Se você conheceu 10 pessoas que entraram, uma pessoa ganhou e te
mostrou os dólares, você vai se empolgar e entrar também, mesmo que 9 tenham
perdido – e que talvez você nem fique sabendo. Sei de gente que deixou de pagar
aluguel, mensalidade da faculdade e outras contas por conta desse Revolution e
se deu mal. Uma pena.
Até eu entrei nessa (kkk). Dei 50
doletas para ganhar 400, mas como não ia dar certo, me devolveram o dinheiro e
não perdi nada; ainda bem que devolveram.
Uma coisa é certa, se alguém
ganha, alguém perde. Se você ganhou 700, um amigo seu perdeu 100, talvez 8
amigos seus perderam 100. Esse tipo de jogo, na minha opinião, só é válido se
explicados todos os riscos aos “jogadores” de forma que eles entrem nessa ciente
dos riscos enormes que tem de perder dinheiro; mostrando as estatísticas de
quem já ganhou e da imensa quantidade dos que perderam; só depois disso que a
pessoa entraria (ou não) na pirâmide. O grande problema é que os “responsáveis”
por arrumar clientes, plantam muitas ilusões vendendo banana por maçã e isso é,
na minha humilde opinião, uma enorme fraude, 171, estelionato. Entra quem quer,
desde que ciente dos verdadeiros riscos e sem manipulação.
Mais uma opinião, se me permitem: a melhor revolução que poderíamos fazer aqui é lutar melhor pelo reconhecimento das autoridades locais dos benefícios que damos à cidade, brigar por melhor qualidade no ensino e estrutura, lutar para que nossas "preces" sejam levadas a sério, como a liberação de documentos, menos cobranças abusivas de taxas, perseguições e abusos das autoridades locais e etc. Isso seria uma bela Revolution. E, quem sabe, como sonhava nossos amigos Beatles, fazer um mundo um pouco melhor: assista aqui ao clipe do que seria uma True Revolution.
Você me pede uma contribuição; bem, você sabe, todos fazemos o que podemos...(J Lennon, na música Revolution).
Otimo artigo =)
ResponderExcluirObrigado, Thiago.
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