Esse texto faz parte de minha história fazendo medicina na Bolívia. Quer ler desde o início? Clique aqui.
Bom,
quem está acompanhando minha história, sabe que estou finalmente no último ano
de medicina e, em medicina, o último ano consiste em passar a maior parte de
sua vida dentro de um hospital, o chamado INTERNATO. São somente práticas
hospitalares das quatro principais áreas da medicina: medicina interna (clínica
médica), ginecologia-obstetrícia, pediatria e cirurgia.
Aqui em Santa Cruzes está bastante saturado os campos de práticas hospitalares e sobram apenas centros de saúde onde pouco se obtém de práticas lhe dê bons conhecimentos, desta forma, resolvi vasar daqui. O que isso significa? Significa que fui me aventurar noutros cantos da Bolívia e escolhi uma pequena cidade chamada Villa Montes, no Departamento (estado) de Tarija. Por lá, há um hospital com as quatro especialidades e com pouquíssimos internos, o que possibilitará que eu faça dezenas de partos, atenda muitas crianças e se pá, faça algumas cirurgias mais simples (apendicectomia, por exemplo).
Antes de ir em definitivo, resolvi ir lá conhecer o hospital e alugar AP e conto agora como foi.
Passagem na mão e mochila pronta. Essa passagem é de volta e nem a usei. Veja mais abaixo o porquê. |
Aeroporto de Tarija. A cidade é bem bonitinha e é considerada a capital do vinho. Me gusta. |
Wellcome Tarija... Melhor dizer, bienvenidos a Tarija. |
Olha a estradinha onde passei. E esse trecho é um dos mais tranquilos. Agora pense no drama quando vem outro veículo noutro sentido e, pior, se esse veículo for um ônibus ou caminhão, rs
|
Esses 250km foram foda. Nunca havia visto a porra de uma estrada tão perigosa. A cada 200m tinha uma cruz de alguém que havia morrido. Em algumas curvas, haviam 4 cruzes, uma ao lado da outra. O que acontece, é que esta estrada atravessa uma sérias de montanhas rochosas e foi construída, na minha opinião, nas partes mais altas e mais complicadas que puderam encontrar, só para causar medo a quem atravessa por ela. São penhascos extremamente altos (alguns com mais de 500m de altura e sem guard rails (isso é umguard rail). A viagem até Yacuiba (lembra dela, onde o avião ia me deixar se eu não tivesse descido?) durou mais de seis horas e, de la, peguei outra van até Villa Montes.
Praça em Villa, de frente ao Hospital (ao fundo) onde farei internato |
Me hospedei num hotel fuleiro e barato e voltei para Santa Cruz no dia seguinte, pela manhã. Ai vem a ironia da coisa; Santa Cruz fica a apenas 400km de distância de Villa Montes, de bus confortável e estrada toda asfaltadinha. Cheguei em menos de 5h. Porque peguei avião, fui a Tarija, Yacuiba e fiquei zanzando feito tonto? Porque não sabia que era tão perto e achei que a cidade era vizinha de Tarija. Mas fiquei feliz quando soube que não ia voltar pela ruta de la muerte, heim!
Voltando para Santa Cruz. Essa é a parada (Graal é para os fracos) |
Além de cumprir com o propósito de alugar um lugar, conhecer o hospital e os colegas, essa viagem me serviu de uma bela experiência. Ouvi muita música em Quechua por horas seguidas, vi regiões extraordinárias, pessoas e lugares incrivelmente diferente do que havia visto até agora. Foi muito bom. Fascinante.
Gostou? Comente ou compartilhe!
Esse texto faz parte de minha história fazendo medicina na Bolívia. Quer ler desde o início? Clique aqui.
Força guerreiro, falta pouco!
ResponderExcluir