Estou fazendo
internato de medicina num hospital de Santa Cruz de la Sierra, um local grande e muitas coisas para fazer, com muitos internos e serviços e programa de
residência médica de R1 a R3. Agora conto como foi o primeiro dia.
Dia 1
Já comecei meu
primeiro dia de internato fazendo o famoso turno. Mas o que é turno? Turno é o
que no Brasil chamaríamos de plantão de 24 horas ou mais. Acontece que meus
turnos durarão cerca de 33 horas e ocorrerão a cada dois dias com plantão em
horário comercial entre um turno e outro, ou seja, corrido pra caralho. Nos
turnos, tenho uma hora para almoço e uma hora para janta e nos plantões em
horário comercial, duas horas de almoço; devia ser o contrário.
Minha primeira rotação: Pediatria
Chego. Sem local
para guardar bolsa, mochila e etc., ou seja, sem armário. Deixo a mochila num
canto do chão. Tudo isso aqui é normal, dizem. Logo de cara, me mandam ao setor
de crianças desnutridas. Triste. Crianças com graus absurdos de desnutrição
(sabe as fotos da África?). Minha função: acompanhar e evoluir durante todo o
turno 4 crianças. Inicialmente empolgante, mas os residentes (que, a partir
daqui chamarei de RE ou Resident
Evil – Hospede do Mal) não
dão um tempo. Gostam de pegar no pé por qualquer coisa, afinal, os pacientes
estão sob sua responsabilidade. Neste primeiro dia vi pouca didática, a
preocupação maior era com horário, com preenchimento de papeis, com
regulamentos e etc. Será que é por ser o primeiro dia? Mais para frente esclareço nos próximos posts.
A noite chega e
apenas 2h30 para descanso num quarto designado somente aos internos, mas notei
que não havia cama para todo mundo, nem travesseiros, nem cobertores (noite bem
fria). Há banheiro para banho e outras necessidades, em ótimo estado.
Saio no outro dia
pela manhã bem cansado. Não que tenha trabalhado muito. O grande problema, ao
menos neste primeiro dia, foi que mal me disseram o que fazer, aonde ir, qual o
objetivo de minha presença por ali, então fiquei rodando feito uma barata tonta
sem saber o que “estava se passando”.
Conheci alguns internos, 90% deles são bolivianos e
100% dos residentes também são nativos. Enfim, foi interessante, não fosse a
falta que senti de alguém ensinando-nos efetivamente a prática médica. Mas deve
ter sido por ser apenas o primeiro dia.
Em breve tem mais em o diário de
um interno de medicina.
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