sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Diário de um Interno – Última Parte

01/010/15
Como disse nos posts anteriores, terminei pediatria e GO e, agora, conto como foi a última parte do internato, cirurgia e medicina interna.

Eu iria para um hospital no Centro de Santa Cruz de la Sierra chamado San Juan de Dios (hospital escola de terceiro nível), mas resolvi “fugir” de la. A fama desse hospital é que o interno é escravizado e praticamente não tem tempo para mais nada. Até seria interessante se o objetivo fosse didático, mas o objetivo dessa escravidão, como qualquer escravidão, é ter uma mão de obra barata. E, como não nasci pra sofrer, cai fora de lá.

Perambulei com um amigo atrás de outro locar para realizar o restante do internato e, depois de vários “nãos”, encontramos uma clínica particular. Lá fomos bem recebidos e, graças a Deus, não fazíamos nada de burocrático. Só lidávamos com pacientes. Essa coisa de não fazer nada não significa preguiça, mas que eu tinha tempo, tempo para o que sempre considerei o mais importante. Estudar para o Revalida.

FIM DO INTERNATO  (10/04/16)

Tanta coisa aconteceu e eu não mais escrevi aqui no blog. Os estudos me andam tomando boa parte do tempo e só me sobra o domingo para o “lazer”. Bom, a única novidade “novidade” mesmo é que terminei a p##a do internato. Foi bacana, conheci gente bem legal e convivi melhor com outras que já conhecia e não sabia que eram tão gente boa.

Venho dividindo meu tempo entre arrumar documentos e entrar no serviço rural obrigatório.
Ainda não sei para onde vou, mas espero que fique aqui pela cidade do que ir para o fim do mundo.

A sensação de acabar cada etapa dessa jornada é quase como uma gozada. Falta agora a gozada de terminar o serviço rural e a tal “prova de grado”. Por agora, conto como foi a Província.

01/06/2016 - INÍCIO DA PROVÍNCIA

Estou indo para a Província. Malas prontas. Vendi praticamente tudo o que tinha, desde geladeira até alguns pratos. Doei bastante coisa, que não dava para vender, para empregada do prédio e que me ajudou em vários aspectos. Valeu Dona C ***.
Nesse período de internato pude conhecer melhor pessoas bacanas de minha sala e que pouco conversava em aula, mas que o destino jogou aos mesmos hospitais. O Fred e sua esposa, a Jessica e muitos outros, brasileiros ou não, que passaram muitos perrengues comigo no Hospital de Niños e Maternidade. A Éricka, gente finíssima e com um sotaque arretado, que conheci na clínica onde fiz as duas últimas rotações depois de ter perambulado todas as clinicas da cidade, ao lado do Fred, e encontrarmos a clínica El Tr***** onde fomos muito bem recebidos pelo Dr. Cam****** e sofremos na mão da licenciada (enfermeira) Iolan***. Brincadeira, ali a gente não sofreu e fomos realmente bem recebidos.

Foi uma boa experiência e eu poderia ter colocado mais fotos, mostrado melhor como foi e contado tudo de uma maneira mais bacana, não fossem os problemas que passei e que me ofuscaram tanto as coisas e que, somente agora, percebo que me perturbaram demais. Mas o turbilhão já passou.

Um pequeno filme passa pela minha cabeça, agora. Quando comecei o internato há um ano e depois fui passando de rotação e rotação de especialidades. Aquela sensação de nostalgia ao lembrar-me daqueles corredores onde passava umas três ou quatro noites acordado por semana. Aquele “quarto de internos” com aquele cheirinho característico de suor. Aquelas gestantes que atendia, os bebês que ajudei vir ao mundo, as crianças desnutridas do hospital de Niños, as passagens de turno moído de cansado, as avaliações, os chefes de turnos estressados e os milhões de papeis que preenchi.

Bons momentos, aqueles... e que, agora, irão me dar lugar a uma nova experiência que se iniciará.


Malas prontas. O que será que me espera?

Meu destino? Puerto Quijarro.
A Província é o serviço médico rural obrigatório que todos os formandos de medicina na Bolívia precisam cumprir. Dura 3 meses.

Não fiquei na cidade de Santa Cruz. E parece que era isso mesmo que eu queria. Sinto-me melhor em saber que vou sair daqui e tenho vários motivos para isso.

Fim da província

Bom, como era de se esperar, não fiz nada de importante nessa tal província. Vacina, visitas domiciliares e até cuidado com animais. Isso mesmo, com animais.

Valeu apenas pela experiência de viver noutra cidade da Bolívia.

Agora é aguardar a prova de Grado. Quando eu fizer, conto como foi.

É isso, a vida de interno acabou... :)

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