Nos últimos dias venho notando uma série de problemas relacionados a convivência dos brasileiros que vivem em Santa Cruz de la Sierra fazendo medicina. A xenofobia por ali sempre existiu, afinal, o povo boliviano, por ser um povo pouco mesclado, quase fechado, tolera pouco as características de outros povos, diferente dos brasileiros, que é um povo aberto, misturado e que está habituado com povos de todos os cantos do mundo. Mas essa xenofobia apareceu de uma maneira mais intensa nos últimos dias, depois da tentativa de suicídio de um brasileiro que foi transmitido em vários canais de televisão e pela internet. A ideia é que, por este individuo ter cometido tal ato e (sic) sob efeito de drogas, todos os outros brasileiros também são drogadictos. E pior, vi comentários aberrantes transformando os brasileiros em marginais e, numa xenofobia extrema, como se fôssemos um povo inferior ao povo boliviano.
Me formei recentemente, trabalho como médico em São Paulo e conheço bem ambas as realidades. Convivo com médicos bolivianos aqui no Brasil e posso dizer com propriedade: eles são respeitados. Não são só respeitados como também ganham muito bem, vivem bem e não sofrem nem um tipo de xenofobia. As vezes uma piada pelo sotaque ou por não dominar bem nosso idioma, mas xenofobia eu nunca vi; aliás, já vi paciente dizer que prefere ser atendido pelo estrangeiro devido a maneira mais educada que alguns deles agem. O brasileiro aqui nem ao menos sabe de onde saiu esse médico com aparência indígena, com sotaque de fora, com fala mais tímida e nem quer saber se é do Paraguai, do Peru, da Bolívia ou de onde quer que seja, simplesmente porque ele quer ser bem atendido.
Outro dia de plantão com dois bolivianos, um deles gente boa e educado, até trocar plantões a gente trocou, o outro, um senhor mal educado que me desrespeitou e que imediatamente o coloquei no lugar. Mas ele não fez isso porque ele é boliviano, ele fez isso porque ele é babaca. E babaca não tem nacionalidade ou raça, babaca é apenas babaca. Então, bolivianos ou brasileiros, respeitem uns aos outros independente de sua nacionalidade. Obviamente tem muito brasileiro babaca na Bolívia, mas ELE é babaca, ELE. O fato é que, hoje, é o estudante brasileiro que está aí sofrendo xenofobia, mas amanhã é o boliviano que está aqui tentando ganhar a vida como médico. E ganhando. E ganhando muito. E sendo respeitado, sendo muito respeitado.
Devo dizer que não são todos os bolivianos xenófobos, ouso dizer que é a minoria, mas essa minoria faz muito barulho causando estresse e indignação a comunidade brasileira em Santa Cruz. Até mesmo um colega médico boliviano ficou puto com os comentários de seus conterrâneos referente a tal situação.
É isso, mais respeito com os brasileiros. É o que tenho a dizer hoje.
(postado do celular e sem formatação).
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