sábado, 31 de março de 2012

O primeiro dia em Santa Cruzes

Leia a partir do primeiro post: COMO TUDO COMEÇOU


Depois de uma chegada bem conturbada e uma noite mal dormida no colchão duro e emprestado, acordei. Estava com muita fome - pra variar - e doido pra tomar café e, naquele momento, pensei que suportaria tudo, menos ficar sem meu café; isso já era demais.

"O amanhecer da Bolívia (que a partir daqui, chamarei de "Bolis") é muito parecido com o da Bahia", pensei. Olhei a mercearia de frente a casa, a mesma onde havia comprado miojo pra ver se havia café e havia (graças a Deus meu santo Deus, há café nesse fim de mundo); comprei café e umas bolachas (chamadas de galletas... pqp, "galletas". Demorei duas horas pra que o cara entendesse o que eu queria). Fiz o café no fogãozinho elétrico (imagem abaixo) e me senti feliz. Naquele mesmo dia, ainda pela manhã, Gillian passou rapidamente lá e troquei alguns reais por Peso com ele, isso me ajudou a me manter por um tempo.

A partir dai, a briga que mantinha era para fazer as coisas mais básicas: comer, conseguir papel higiênico, falar, beber água (será que não teria cólera naquela água da torneira? tava meio paranoico, já). Nos primeiros dias só comia miojo e só me limpava no banheiro com as apostilas que foram abandonada por outros alunos que ali moraram; não havia papel higiênico na mercearia.

Fui conhecendo melhor a casa. Tinha um belo quintal, bastante amplo e verde; até uma pequena horta havia e passei a cuidar dela melhor. Havia três quartos, incluindo o meu, a sala era mesmo grande e só a cozinha que era miúda. Meu quarto era a única suite da casa, o que me fazia pagar mais caro dentre os outro estudantes que ali moravam (os outros estudantes ainda estavam, obviamente, no Brasil e demorariam a chegar... eu não via a hora de chegarem). O banheiro era grande, o chuveiro uma delícia e tomava banho o tempo todo.

Fiz a TV funcionar e descobri que ali havia TV a cabo. Foi ótimo ver o Internacional ser campeão da Libertadores, na Foz Sports Argentina, ali sentado naquela sala empoeirada, sozinho. Chorei de verdade quando, zapeando os canais - todos em espanhol, claro -, achei a Record Internacional e a Rede Globo logo em seguida; estava passando o Jornal Nacional. Me senti mais próximo de casa e de minha vida; mais próximo de mim mesmo.

Fogão elétrico onde fazia miojo e café. Detalhe: coava o café num pano de prato encardido. Juro!




Continue lendo. Clique, aqui, em postagens mais recentes.

0 comentários :

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...