domingo, 1 de abril de 2012

O Primeiro Pollo Nosotros Nunca Esquece

Leia a partir do primeiro post: COMO TUDO COMEÇOU


Depois de uns 3 ou 4 dias comendo miojo, fui comer algo diferente.

Era quase noite quando Gillian chegou com um amigo, o Estanislau, vulgo Estanis. Estanis é uma das pessoas mais legais que conheci aqui em Bolis e, ao me ver subnutrido de só comer macarrão instantâneo, teve a ideia de irmos comer fora. Me animei, claro; afinal seria a primeira vez que comeria algo diferente e poderia me alimentar direito. Peguei meus ultimos trocados, cerca de 40Bs e fomos comer fora.

Nem mesmo era necessário que eu me trocasse, disseram, afinal era logo ali e pegaríamos o "micro ônibus" praticamente de frente a casa. Não demorou muito e o "micro" chegou; eu já tinha visto ele passando, mas pensei que era algum tipo de transporte particular como as peruas que tem no Brasil.

Eles realmente sabem dar sentido à palavra "micro", pois, até então, eu nunca tinha visto um ônibus tão pequenino. Chega a ser ridículo o tamanho do ônibus, mas fazer o quê? eu tava com fome, o ônibus era aquele e vamo-que-vamo!

Estava completamente abarrufado de gente. Muita, muita, mas muita gente mesmo! Todos amontoados naquele ônibus pequenino e de teto baixo (ou seja, você fica em pé com a cabeça baixa). Sem contar que era horário de pico da galera que voltava do trabalho, então imaginem só o bodum dentro daquele inferninho móvel. Os bolivianos já não são muito cheirosos, amontoados e suados, a coisa fica preta...

* Nos próximos posts ponho fotos e falo mais do transporte público da Bolívia. Os táxis são punks e os ônibus, piores ainda, sem contar o caos que é trânsito; uma falta de educação e respeito às mais básicas regras de trânsito.

Depois de intermináveis 10 ou 20 minutos, chegamos ao local. Um locar pequeno arejado e com um cheiro muito forte de frango frito (não, não era um cheiro bom). "Isso aqui é um pollo", disse um dos meninos e depois me explicaram que "pollo" é frango em espanhol. Pollo dava nome ao local (e ao prato) e que corresponde a uma churrascaria brasileira (tinha um pollo em cada esquina, assim como as churrascarias no Brasil) e que ali eles só serviam frango - frito ou assado - com batata frita, banana frita e arroz. "Não parece ruim", pensei.


Depois que eles fizeram o pedido pra mim, sentamos numa mesa e nos trouxeram coca-cola ("oh, yess... aqui tem coca-cola também", pensei). Passei a observar tudo ao meu redor e vi que a coisa não era tão boa como aparentemente parecia: o lugar era, digamos assim, "meio" sujinho (como tudo, aliás). Observei a mulher fazendo os pratos e pegando as "papas fritas" (batatas) com a mão e arremessando prato adentro... Cara, que nojo!

Os caras me disseram pra eu me acostumar e que "na Bolis, não se podia ser nojento" e realmente tava percebendo que era mais ou menos por ai... ainda assim, comi o pollo como quem comia numa churrascaria do Brasil, tamanha era minha fome e, a partir daquele dia, passei a comer o pollo todos os dias pois havia um "pollo" perto de casa. Era "meu" restaurante e onde passei a fazer minhas refeições diárias. Devo ter comido, diariamente, pollo, por um mês. (em breve, fotos de um pollo - restaurante - e de um pollo - prato servido no restaurante).

Aquela primeira semana estava terminando. Precisava de dinheiro e, em breve, chegariam do Brasil os outros moradores; eu precisava ir ao Banco (do Brasil; tem um em Santa Cruzes), comprar algumas coisas, me organizar e, principalmente, fazer a matricula na faculdade e iniciar os estudos, afinal era pra isso que estava ali.

Nos próximos posts relatarei como tudo se sucedeu.


Continue lendo. Clique, aqui, em postagens mais recentes.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...