sábado, 21 de abril de 2012

A primeira vez que sai sozinho.



Leia a partir do primeiro post: COMO TUDO COMEÇOU


Acho que comer um pollo é o batismo da Bolis. 

Quando você chega aqui, para morar, come um pollo frito e sobrevive, significa que sobreviverá até o final; ao menos do ponto de vista gastronômico. Bom, depois de devidamente batizado, fui, finalmente, à universidade. Essa foi uma parte "aburrida" de minha história. Foram muitas idas e vindas, ao lado do Gillian, à faculdade até fazer a matrícula (isso porque sou enfermeiro e fui a universidades diferentes pra ver qual delas convalidariam minhas matérias de forma que adiantasse o curso) e, no final, optei pela universidade mais próxima de casa (poderia ir a pé) e que demoraria mais pra me formar, porem, teria o diploma mais completo. 

Precisava de dinheiro, então criei coragem e fui ao banco sozinho. Não queria ir de micro (ônibus), então peguei um táxi que é bem barato por aqui. Devo ter pagado cerca de 30 peso (uns 8 Dilma) pois fui roubado porque depois descobri que o valor devia ser 15 peso. A questão é que não sabia falar espanhol e me comunicava muito mal e o taxista me via com um cifrão na testa; o valor é negociado na hora com o taxista porque en Bolis no hay taxímetro. 


    *O Peso não é colocado no plural, portanto, não se diz 30 pesos, com "S" no final.


No caminho ao banco fui olhando a la ciudad; nem era tão feia, nem tão mal cuidada como pensei (mas depois postarei minhas impressões sobre Santa Cruzes). O taxista, satisfeito com a corrida, me deixou de frente ao banco. Foi show de bola ver o Banco do Brasil, parecia um sonho e imaginei que estava em sampa, na avenida sapopemba. 

Dentro do banco, uns policiais baixotes portando armas de grosso calibre (espingarda .12), muitas fotos de locais turísticos do Brasil, de times de vôlei que o BB patrocina, porém, meu sonho se desfez; nunca vi um banco tão cheio! Nem a Caixa-Econômica em dia de pagamento do bolsa família era tão lotada e, naquela hora, descobri que havia muito mais bolivicong no mundo do que pensei. O banco estava muito cheio (foto) e tinha que, antes de qualquer coisa, sacar uma senha, passar no atendimento, preencher uns papeis com seus dados e, somente depois disso, fazer o saque, pois não se faz saque nos caixas eletrônicos que só fazem operações básicas; ao menos, no banco, falam português, o que facilita para os novatos. Depois de umas duas horas, sai de lá com alguns dólares (achei o máximo pegar em dólar) para pagar a faculdade e o aluguel e peso pra usar no dia a dia. 


Notas de Peso Bolivianos. Tem uma cor opaca, apesar de cores fortes como vermelho, laranja e azul. 

     *En Bolis, quando se paga valores altos (normalmente acima de 700 peso) usa-se o dólar. Isso evita que ande com uma grande quantidade de notas e chama menos atenção. Produtos industrializados também são cotados em dólar. Obviamente, nada impede que pague com Peso Boliviano, com os valores cambiais atualizados..


Sai do banco e fui direto pra casa, novamente de táxi (mais 30 peso) e fui fazer as contas do orçamento do mês. Realmente tinha pouco dinheiro; a partir de ali, passei a saber que passaria maus bocados ao longo desses tantos anos. Apesar dos preços atrativos e da força que o real representa sobre a moeda boliviana, eu sabia que precisaria economizar bastante.




Banco do Brasil lotado de estudantes de medicina sacando dinheiro enviado por seus papais.




Mesmo assim, fui a uma mercearia maior e comprei as coisas que precisava; me lembro que foi um inseticida a primeira coisa que comprei, junto com detergente, sabonetes e papel higiênico; ah, e uma lata de cerveja; precisava provar a cerveja boliviana, mas pra isso terei um post a parte. 

Resolvi, enfim, que estudaria perto de casa e me matriculei. A única coisa que me pediram foi o histórico escolar e o RG e fiquei de entregar o restante dos documentos depois, sem burocracia, sem estresse. Finalmente as aulas começariam e já estava me sentindo um estudante de medicina.

O "sonho" começava a se realizar.




 Localização do Banco do Brasil em Santa Cruz de la Sierra.





Não é aconselhável andar de micro ônibus em Santa Cruz sem conhecê-la. Não existe ponto de ônibus e as referências são bastante confusas. A cidade é redonda e dividida em anéis (chamados anillos) e, quem não conhece, andará em círculos e não chegará a lugar nenhum; além do mais, pedir informação numa lingua que não domina é tarefa pra poucos.


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