quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Não se fala em medicina estudando medicina na Bolívia


Medicina na Bolívia é igual a Caverna do Dragão:
Quando você acha que está perto de voltar para casa,
acontece alguma coisa e você precisa ficar mais um tempo.
Imagine-se num lugar distante, cheio de surpresas e acontecimentos inusitados diários, pessoas bem peculiares, indivíduos corruptos, outros que só resolvem seu problema se você der dinheiro e que cobram até o ar que você respira, e pessoas dispostas a comprar o que for preciso para realizarem seus “sonhos”. Agora pense que, mesmo podendo, não é uma opção voltar para casa, pois isso causaria um distúrbio no universo e o mundo se acabaria (seu mundo, ao menos). É assim em “certas universidades” da Bolívia.

Donos de faculdades corruptos, alunos brasileiros que oferecem dinheiro e vende a própria dignidade por uma futura profissão de “médico”, funcionários de migración, policiais, secretários de faculdades e muitos outros que entram na mesma onda do dinheiro, por assim dizer, fácil.

Cria-se toda uma estrutura do ganho de dinheiro sujo em torno de pessoas em “busca de um sonho”. De todos os lados todos querem sua parte da fatia do bolo e essa estrutura, cada vez mais alimentada por alunos que esqueceram em algum lugar algo de escrúpulo, vai a cada dia evoluindo mais.
No meio de tudo isso, professores mal remunerados, funcionários honestos frustrados, alunos dedicados esquecidos e subjugados e aqueles que têm o bolso cheio de grana, seja o dono da faculdade ou o aluno vida-fácil, riem felizes por terem seus problemas facilmente resolvidos.

Não se fala em medicina estudando medicina na Bolívia. Encontrei 3 pessoas, durante esses anos, que curtiam falar de medicina. No mais, o assunto é sempre os mesmos: compra de vaga de transferência para o Brasil, compra de notas para adiantar o curso, venda de diploma, propina para o policial não levar fulano para migração por não ter o visto, comentários disso e daquilo e a medicina, aquela para a qual devia haver dedicação e tempo, é deixada de lado pela maioria, e nessa maioria, inclui-se algum dono de universidade, alunos e funcionários corruptos (...), menos o aluno dedicado que, no seu canto e quieto, está preocupado, de fato, com a medicina. Este, mesmo que demore, mesmo que fique para trás por não comprar notas e matérias, é o que entra no menos de 10% dos aprovados no Revalida. Não é a toa que tem gente que demora mais de 5 anos para revalidar o diploma, se um dia consegue revalidar.

No final, é o aluno honesto e dedicado que serve de inspiração para os milhares de jovens que chegam todos os anos na Bolívia para fazer medicina e que, invariavelmente, trás lucro a todas as esferas.


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