Este post faz parte de minha história na Bolívia.
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Já se passaram anos que estou aqui na Bolívia. No meio do ano, terminei mais um semestre e, infelizmente, não pude seguir adiante e tive que voltar ao primeiro semestre. O que se passou?
Bom, quem acompanha minha história (leia aqui, como tudo começou e porque fui fazer medicina na Bolívia) aqui, sabe que sou enfermeiro e, por isso, entrei no terceiro semestre, tendo de estudar o primeiro e segundo nas férias ou durante as outras aulas, se assim conseguisse encaixar; mas infelizmente, por motivos financeiros, só pude fazer algumas matérias do primeiro e segundo e, agora, como já estou numa fase bem adiantada do curso, tenho que fazer as matérias restantes, pois elas de certa forma “trancam” o curso. Então parei um semestre só para fazer estas matérias que devo. Ou seja, mais seis meses de atraso na formação. Para quem já não é mais nenhum adolescente, isso é um grande peso, mas ultrapassável.
Mas o interessante mesmo é ter aulas básicas como de citologia, histologia ou embriologia no meio de garotos do primeiro semestre. Ter que usar uniforme de laboratório e me sentir um calouro novamente, ter de ouvir as histórias fantásticas daqueles que acabaram de chegar, seus sonhos, seus medos, ouvir suas descobertas, seu castelhano horroroso e ver a sala cheia de gente correndo atrás de um objetivo.
Pior que, em meio a tantos, menos da metade se formarão e uma pequena fração terá um dia um CRM no Brasil. Será que isso está entre seus sonhos? Será que imaginam as dificuldades diárias que passarão nos próximos seis anos, nos mais de dois mil dias que ainda têm pela frente?! Lembro-me de mim mesmo quando aqui cheguei; era um daqueles, mais um que chegava e que vivia todas estas expectativas; vivia a fantasia de estudar medicina – para alguém de família humilde como a minha, uma grande fantasia. O cheiro dos cadáveres, do formol, das luvas de látex, da poeira da cidade de Santa Cruz, o calor, o desejo e o medo, tudo num lugar só.
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Custos de vida
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Parei agora a pouco para ver meus primeiros cadernos; um desastre construído pela inocência. Anotava as palavras ditas em espanhol para aprender a falar depois (não sabia nada!) e, quando ia falar, não lembrava como devia hablar e, em algum ponto desta jornada, aprendi e nem ao menos percebi.
E o tempo foi passando, correndo, voando e aqui estou eu exatamente onde comecei, porém, mais esperto, mais experiente, menos "sonhador", mais maduro e disposto a ultrapassar o que for preciso para chegar lá; isso eu tinha nos olhos desde quando cheguei aqui e vou manter até quando acabar.
Um conselho para quem começa?
A velha história: cada dia como se fosse o primeiro. Dois mil dias?! Não, um dia de cada. Devagar. Com esperança. Como numa prisão. É assim que o tempo passa; sem antecipar, sem precipitar; quando for ver já chegou ao final ou então voltou, só que melhor e com outra visão, para o primeiro dia. Na verdade, na vida, será sempre o primeiro dia.
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