quinta-feira, 26 de março de 2015

Medicina com amor? Nem fodendo


É isso mesmo. Nem fodendo.

A medicina é uma ciência. E é uma ciência que deve chegar mais próximo do exato possível. Se fosse um médico capaz, ele trataria seu paciente com 1 + 1 = 2, sendo 1 o sintoma, o outro 1 o diagnóstico e o 2 o tratamento com a respectiva cura. Desse jeito mesmo, objetivamente, como uma calculadora.

Nos filmes de Hollywood, quando retratam a medicina futurística, ela é exercida por robôs, por máquinas que nada sentem, que nada amam. E são bastante eficientes.

O atual discurso (de muitos médicos, inclusive) é que a medicina deve ser exercida com amor. Com amor a profissão e com amor ao próximo ou que simplesmente o médico, para ser um bom médico, precisa amar o que faz. E não é raro ver (e ouvir) esses comentários: basta ler um artigo na internet falando de algum erro médico ou de alguma cagada feita por um “doutor” para que os comentaristas de Facebook cagam pelos dedos dizendo que “os médicos não têm coração”. Seria como dizer que um lixeiro precisa amar o que faz para coletar bem o lixo ou que um técnico em informática precisa amar formatar seu computador para que ele faça um bom trabalho.

Médico não precisa amar nada. Médico precisa de conhecimento, de técnicas; conhecer e seguir suas responsabilidades éticas, respeitar o paciente, agir com profissionalismos e, para tanto, não precisa amar sua profissão ou amar seus pacientes.

Quando um profissional deste gabarito se envolve emocionalmente, o resultado pode ser desastroso. Suas decisões são ofuscadas pelo medo, dúvida, compaixão, culpa e todo tipo de “sentimento” que não ajuda em nada e só atrapalha. É exatamente por esse motivo, que médicos não têm recomendação para tratar os próprios familiares. Não é recomendado que um pai, por exemplo, trate seu filho - e ninguém para amar mais um filho do que os pais.

Gostar do que faz é sempre bom. Sentir prazer por algo de bom feito também é ótimo. Ver o sorriso de um paciente depois de curado é gratificante, mas não é esse o objetivo de ser médico. Até porque você pode ser “bonzinho”, um amor de pessoa e, em termos de eficiência, um bosta.


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Quanto mais focado e objetivo for o profissional neste momento, mais eficaz é.

Meu amor reservo a minha filha e minha família. Quero ser um profissional focado, objetivo, que tem conhecimento de causa e não um “apaixonado pela medicina”, que nada mais é do que uma utopia.

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