Santa Cruz de
la Sierra, 04/11/2013
Deputado Estadual por
Santa Catarina, Kennedy Nunes, esteve em Santa Cruz de la Sierra entre os dias
22 e 25 de outubro deste ano para, segundo consta, ouvir estudantes e
autoridades locais. No período, este reunido com estudantes e autoridades locais na UDABOL. Não visitou outras universidades oficialmente, somente a UDABOL (it's no good).
Para analisar, selecionei duas fontes.
A primeira, um vídeo que ele mesmo subiu ao youtube (ao final deste post tem o vídeo) e uma reportagem em sua
página da internet.
Leia também:
Logo de cara, no vídeo,
ele diz que visitou a cidade de Santa Cruz de la Sierra, “no Uruguai”.
Perdoemos a “gafe” e sigamos com seu discurso. Ele começa falando de
vestibular; faz uma comparação entre o vestibular brasileiro e a prova de grado
(de graduação) boliviana; diz que, no Brasil, os alunos fazem a prova para ingressar no
curso e, na Bolívia, a prova é feita para sair. É verdade, mas excelentíssimo, esqueceu-se
de dizer que o índice de reprovação na prova de grado é quase nulo, se
comparado ao vestibular brasileiro para medicina e que 90% dos que estão na
Bolívia tentaram vestibular e não conseguiram passar e que todos, cedo ou
tarde, passarão na prova de grado. Essa prova não filtra nada.
Depois ele falou da
estrutura, usando a UDABOL como exemplo (foto ao lado dele visitando um laboratório). De fato, a universidade tem uma boa
estrutura, assim como todas as outras da cidade. Infelizmente, essa estrutura não é para dar conta de 5 mil alunos (ainda acho que seja bem mais de 5 mil).
Se estivessem matriculados 600, 700 ou 1000 que seja, estaria de bom tamanho, mas
estamos falando de 5 mil alunos. Gostaria que o caro deputado citasse qual
campus de universidade particular brasileira tem 5 mil alunos de medicina. E, pior, gostaria que o senhor Kennedy explanasse acerca de qual universidade particular
de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, possui hospital escola. Se isso é ou
não importante para a formação médica, em sua opinião.
O senhor deputado falou
da carga horária das escolas médicas da Bolívia e do Brasil. Citou as 12 mil
horas, que é um super número; mas será que é isso mesmo? Será que o ensino de medicina da Bolívia
oferece mesmo toda essa carga horária? Fazendo um cálculo simples, se houvesse
mesmo 12 mil horas teóricas na carga horária, o aluno teria de estudar 9 horas
por dia, 9 meses ao ano (com os 3 meses de férias) sem descansar nenhum dia da semana, ou seja, estudando de
segunda a segunda. Isso jamais acontece e, se acontecesse, seria sobre-humano.
No vídeo, ele continuou divagando
sobre a boa estrutura na Bolívia e sobre os altos custos no Brasil (indiscutível) e chegou num
ponto interessante: o Revalida. Sobre o Revalida, o deputado reclamou da
dificuldade da prova e, ai, cometeu outra “gafe”, essa imperdoável; disse que o
CFM (Conselho Federal de Medicina) faz provas com perguntas voltadas a
especialistas. Até concordo que tem uma ou outra questão bem complicada mesmo,
porém, a maioria é básica e é aquilo que um médico precisa saber (ao menos na
edição 2012, a qual eu destrinchei questão por questão) e, ainda nesse ponto,
só para aclarar sua "gafe", não é o CFM que faz o Revalida, é o INEP junto ao MEC, órgãos do
Governo Federal Brasileiro; o CFM não tem nada a ver com isso.
Acho importantíssimo que
políticos brasileiros venham à Bolívia checar as condições do estudante de
medicina tupiniquim, também acho importante que lutem pela melhoria das
condições de saúde de nosso país, mas sem demagogia e com informação. É importante que briguem por um Revalida cada vez mais justo, que selecione aquele que realmente está apto a ser médico no Brasil e não pela inexistência de provas, pois até mesmo entre os bolivicongs, se verifica a necessidade de prova de revalidação, afinal, ninguém melhor do que a gente, que aqui estuda, para saber do grau de eficiência e deficiência do ensino da medicina na Bolívia e da necessidade de prova. Fico feliz que tenha vindo à cidade, pois nós brasileiros ficamos esquecido e subjugados por gente sem caráter (lembrando que tem muita gente honesta aqui, falo da minoria desonesta) sem respaldo de nenhuma autoridade brasileira. E a vinda de autoridades brasileiras podem fortalecer essa batalha. Mas essa batalha deve trazer alguma glória àquele que merecer: o bom estudante, o que quer ser médico de verdade, o dedicado e não àquele que só está aqui em busca, sem fazer por onde, obter título de "doutor" para ganhar dinheiro "fácil", como acreditam ser a vida de um médico. Valorizemos quem se mostra capaz e não alguns semi-analfabetos que acham que ser médico é sentar-se atrás de uma mesa e escrever receitinhas. E desse tipo de gente aqui está cheio, infelizmente.
Assista ao vídeo do deputado
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