quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Bem vindo 2014

Leia minha história desde o princípio e saiba porque fui fazer medicina na Bolívia. Clique aqui!




Mais um ano letivo que começa; agora é 2014.


Venho escrevendo há algum tempo nesse Blog, pouco menos de dois anos e
já contei muitas histórias por aqui. Comecei contando desde de o início,
relembrando minha chegada, minha adaptação, minha matrícula e todos os perrengues e momentos felizes que tive por aqui. Ano passado estava noutra casa; eu, a MT e outra moradora (que seguiu por outro caminho, nos deixando sozinhos na casa com todas as responsabilidades que havíamos assumido naquele momento), porém, agora, estamos novamente noutro lugar, noutra casa. Viver aqui na Bolívia com a mentalidade de um brasileiro é sempre uma descoberta; nos surpreendemos com as pessoas que conhecemos, tanto positiva quanto negativamente e, quando se é novo aqui (ou seja, quando você nasce, pois um novato não passa de um bebê), acreditamos que as coisas são como no nosso país, mas são realmente bem diferentes. Ou simplesmente as pessoas mudam quando chegam aqui.

O fato é que saímos de casa (no Brasil) crendo que estamos realizando nosso “sonho” (o qual prefiro chamar de objetivo), porém, só damos conta que o “sonho” está apenas começando quando chegamos aqui e muitos parecem se esquecer que são 6 anos de curso e que, nesse período, muita coisa e muita gente vai passar por nossas vidas. Vejo pessoas pisando noutras, arrogantes, maldosas, fofoqueiras e que se esquecem que o mundo dá muitas voltas.

Agora estamos numa nova casa. Não moramos mais com a Catota (moça que morava conosco) e estamos vivendo com pessoas novas. Graças a Deus estamos num local seguro e com um preço justo e, melhor, ao lado da faculdade, diferente da casa antiga que era bem longe. Já é a quinta casa nesses anos; de pensar que, quando cheguei aqui, naquela primeira casa empoeirada, creia que ali seria meu lar até me formar. As pedras rolam mais em qualquer para um bolivicong.


Estamos iniciando mais um ano letivo e "vamo que vamo"! Estamos bem felizes, pois as coisas, mesmo com nossas dificuldades, estão caminhando. Só temos a agradecer a Deus, a nossa família, nossos amigos, às pessoas abençoadas que conhecemos por aqui e por essa imensa oportunidade que se constrói numa realização.


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3 comentários :

  1. Alguns dias atrás estava conversando com amigos sobre medicina em Cuba, na Argentina e na Bolívia. Uma dúvida frequente é sobre o curso, ou seja, conteúdo, aulas de laboratório (bioquímica, farmacologia, patologia, Papanicolaou, cell staining, hematoxylin, eosin, etc.), internato e coisas tais.

    Você já começou o internato? A duração do internato é como no Brasil (2 anos) ou como em Cuba (3 anos)? Notei que pessoas que estudaram em Cuba são bem fracos em patologia, microscopia, preparação de lâminas, etc. Parece que em Cuba não há muita ênfase em laboratórios. Aliás, esse problema existe também entre estudantes brasileiros de escolas particulares.

    Laboratório de patologia, como é? Vocês aprendem a preparar lâminas? Fazer Papanicolaou? Eletroforese? Como é o curso de radiologia? Curso de anestesiologia? Quantos semestres de farmacologia? Em patologia, vocês aprendem a fazer biopsia? Quantas pessoas há por turma de laboratório? Reprovação é muito grande? Aqui no Brasil, por exemplo, uma turma de 40 estudantes chega ao quarto ano com 32 estudantes. Em suma, apenas um quinto da turma é reprovada, uma taxa muito baixa comparada com engenharia (90% da turma é reprovada).

    Não deixe de nos passar informações sobre o internato. Acho que internato é o principal interesse dos estudantes de medicina brasileiros.

    Como você deve saber, pois é enfermeiro, no internato os brasileiros têm uma carga de 900 horas. Por exemplo, no décimo período, no Brasil, temos Medicina de Família (300 horas), Pediatria I (300 horas) e Tocoginecologia I (300 horas). Isso dá 56 horas por semana.

    Outro problema no Brasil é que as turmas são pequenas (de 30 a 40 estudantes e 15 preceptores, no máximo) e os hospitais universitários são enormes e atulhados de pacientes até nos corredores. Sei, sei, é ilegal colocar pacientes nos corredores, mas é para lá que eles acabam indo.

    Suponho que o problema de super-lotação não exista na Bolívia, pois você mesmo disse que as turmas são relativamente grandes.

    Sendo você enfermeiro, a rotação de tocoginecologia I e II deve ter sido facílima. Afinal, enfermeiros sabem fazer partos. Para nós, que não somos enfermeiros, tocoginecologia é um terror, com taxas altíssimas de reprovação.

    Resumindo, você poderia fazer um artigo sobre o conteúdo do curso, comparação entre os hospitais bolivianos e brasileiros, comparação entre o internato boliviano e brasileiro, descrição do equipamento: microscópios, laboratório de bioquímica, tomógrafos, ressonância magnética, acesso dos estudantes ao tomógrafo, etc.

    Nas fotos e vídeos, as universidades bolivianas parece muito melhores do que as brasileiras. Por exemplo, a propaganda da Unifranz começa com todo mundo olhando em um microscópio estéreo, mas parece que é só pose (note que as objetivas estão todas levantadas). Em seguida, os estudantes fazendo exame de sangue, mas o sangue está claramente oxidado. Em outro vídeo, um estudante parece estar fazendo uma biópsia durante uma cirurgia, mas os olhos não estão corretamente posicionados e nenhuma das objetivas está abaixada. Claro que a propaganda da Unifranz foi encenada, mas isso não significa que os estudantes não aprendam a fazer biópsias, cell staining, etc. Acho que você poderá nos dizer qual é a realidade.

    Mais um problema do Brasil e que talvez não exista na Bolívia. Em várias universidades federais (na minha inclusive), os preceptores não conseguem documento de carga didática. Assim, o tempo que passam trabalhando como preceptor não é contado como tempo de aula. Isso faz com que os bons professores não queiram trabalhar no internato.

    Então, estamos aguardando sua avaliação. Com fotos, de preferência.

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    Respostas
    1. Ola, amigo, não te respondi antes porque estava com problemas no nosso mecanismo de interação do Blogger, inclusive, perdemos todas as nossas perguntas e respostas.
      O conteúdo programático aqui é lindo. Nas ementas, encontramos praticamente tudo (para não dizer, tudo) que você citou e muito mais, porém, na prática, ficamos aquém.
      Respondendo suas perguntas.
      Ainda não iniciei o internato, porém, a duração do internato aqui é de exatos 12 meses com 60 horas semanais, mais 3 meses daquilo que chamam “província” que é um trabalho médico (meio que supervisionado) no interior do país (um serviço médico obrigatório). Os laboratórios, para prática de anatomia, são até interessantes; temos cadáveres à vontade e bons professores. Os laboratórios de citologia, anatomia patológica, bioquímica são “meio” fracos, na minha opinião; não aprendemos a fazer biópsia, na prática. Aprendemos a preparar lâminas, visualizamos fezes, sangue, soro, tecidos, mas tudo muito básico (não tem eletroforese). Anestesiologia é aprendido (o basicão) nas aulas de cirurgias (que aqui são bastante amplas).
      Aqui, chegam ao final do curso, 10% da turma original, mas é devido as deficiências dos alunos (sem qqer forma de seleção para ingresso, ou seja, muita gente despreparada).
      Aqui há superlotação de alunos nas práticas. Excetuando o internato, as práticas hospitalares aqui são muito fracas. Sem contar que falta material e, sinceramente, aprendemos mais a improvisar do que as técnicas corretas de realizar procedimentos médicos, que devia ser o objetivo das práticas. Um professor nos disse que devíamos colocar açúcar em feridas e o outro, chefe da cirurgia do hospital onde há as práticas, é o defensor de uma tal bolsa de Bogotá (nunca vi nada sério, em artigos, sobre estas “técnicas”).
      Quanto a fazer um artigo, é meio complicado, pois não podemos entrar com câmeras em laboratório (tem gente que entra, mas burlando a regra), não podemos fotografar em laboratório ou outras dependências fechadas, porém, devo escrever algo a respito em breve.
      Abraço

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  2. Bom dia Alair! Gostaria de saber se aumentaram o prazo da "província", me disseram que houve aumento do tempo agora em junho, é verdade?
    Também gostaria de saber sobre "pagar grado", me falaram que é altissimo, isso é verdade?

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