Antes
de qualquer outra colocação, o principal objetivo dessa postagem é que ela me
servirá como uma espécie de bancos de dados estatísticos sobre a prova, para
quando eu for prestar o exame de revalidação. De fato, me é uma fonte de
estudos. Dito isso, agora vamos ao que você encontrará nessa postagem.
Vamos lá. Primeiro, o que é o Revalida?
Link das provas abaixo.
Vamos lá. Primeiro, o que é o Revalida?
Para
começar, vou explicar novamente o que é o Revalida. Trata-se de um exame a nível nacional cujo único objetivo é a
revalidação de diploma de médico expedido fora do Brasil.
Muitos
se preguntam sobre os motivos da realização de um exame para “selecionar médicos”, sendo que, se a
pessoa se formou e tem o diploma, significa que ela é um profissional habilitado. Acontece que, no Brasil, para ser médico,
é preciso ter o
diploma de medicina (e, quem se forma
fora do país, tem) e reconhecido pelo MEC (quem
se forma fora não tem esse reconhecimento). O MEC (Ministério da Educação – e
Cultura) é o órgão brasileiro que, dentre outras coisas, é responsável pela implementação e fiscalização, a nível
nacional, das universidades e se estas estão cumprindo com suas obrigações.
O MEC só pode fazer isso em território nacional.
E como isso funciona?
Se uma
universidade brasileira não cumpre com suas funções, tem notas muito baixas ou
não tem estrutura suficiente, por exemplo, o MEC pode suspender o curso ou diminuir o número de vagas para “garantir
a qualidade” e, ainda que tudo isso seja meio utópico em nosso país, é
assim que funciona. Já as universidades estrangeiras, mesmo tendo seus próprios
órgãos fiscalizadores locais, não são
submetidas ao controle brasileiro; e é aí onde entra o Revalida.
O Revalida é a única forma do governo brasileiro controlar e
avaliar a qualidade de médicos formados em instituições estrangeiras.
O
Revalida é a única forma que o governo brasileiro, através do MEC/INEP, tem
para garantir alguma qualidade aos médicos provenientes de universidades de
outros países. E não importa o país ou a universidade. Se se formou em Hopkins ou na Udabol, o processo é o mesmo. E se
engana quem pensa que só se submete ao processo de revalidação os diplomas de
médicos; qualquer diploma, de qualquer
curso, precisa ser reconhecido pelo MEC, ou seja, revalidado; para nós,
médico, ainda é mais fácil e menos burocrático, pois temos provas anuais e
menos burocráticas. Basta pesquisar as dificuldades que um formado em direito
ou engenharia têm para exercer suas profissões no Brasil.
Link das provas abaixo.
1) Uma avaliação básica da prova teórica –
objetiva e discursiva/dissertativa. Ênfase nas dificuldades e nas questões mais, digamos assim, fáceis.
2)
Análise qualitativa naquilo a que se
propões a prova, ou seja, se a prova cumpre com a função de selecionar bons
médicos para trabalhar no Brasil, se tem
apenas objetivo reprovativo ou se está aberta a qualquer resultado. Tem
pegadinhas? É, de fato, objetiva? Qual a abordagem objetiva das questões? O que
é mais importante (eu) estudar?
3)
Análise quantitativa: há tempo de realizar
as questões? O que mais cai, clínica, pediatria, cirurgia ou GO?
1.
Da Prova
O
Revalida possui três fases: a)
inscrição, 2) Provas escrita e 3) Prova de Habilidades Clínicas (prática).
A Prova Escrita é divida em Discursiva e
Objetiva. A Prova Objetiva consta de
110 questões objetivas das quatro especializações médicas básicas (Ped, GO,
CM, CG), incluindo legislação, saúde da família, ética médica e medicina legal.
Dentro deste critério programático, há, obviamente, questões acerca de
reumatologia, infectologia ou otorrinolaringologia, p. ex., mas dentro de um
contexto de CM (Clínica Médica), CG (Cirurgia Geral), Ped (Pediatria) ou GO
(Ginecologia e Obstetrícia). A Prova Discursiva consta de 5 questões abertas onde deverá responder, às perguntas realizadas,
discursivamente.
O
tempo para a realização da prova objetiva é de cinco horas (das 8 às 13 horas)
e da prova discursiva de três horas (das 15 às 18 horas) realizada no mesmo dia da prova objetiva. Maiores detalhes, leia o
edital aqui
(em .pdf).
2.
Como Realizei a Prova
Dividi
a prova objetiva em três partes, pois não pude me colocar à disposição de tal
feito por cinco horas seguidas, além de achar desconfortável tal situação e,
como o objetivo não era fazer uma simulação, a divisão por etapas não
interferiu nos meus objetivos. Num quarto período, fiz a prova discursiva.
Inicialmente
(as primeiras 5 questões) senti alguma dificuldade, pois não estava bem
familiarizado com os temas e totalmente fora de ritmo de estudo, porém, aos
poucos fui melhorando. Já no final, estava meio desgastado (isso porque nem fiz
tudo de uma vez) e foi onde mais errei. Os momentos de maior acerto foram entre
as questões 30 e 80.
Me
dei mal na prova discursiva, mas não por desconhecimento, mas por má
interpretação e falta de atenção. As perguntas até eram claras, mas eu respondi
incompletamente algumas questões (falo disso mais abaixo).
3.
Uma Breve Avaliação Subjetiva
Haviam
questões realmente “dadas” que somente um aluno muito “desatento” erraria ou
que simplesmente desconheceria o assunto por completo. Um exemplo é a questão
24 que trata do tromboembolismo pulmonar (TEP) dentro do contexto de viagem de longa
distância (o cara fica bastante tempo sentado e faz TEP). Poxa vida, até quando
estava no primeiro semestre sabia disso; quem assiste ao “Bem Estar”, da Globo
ou ao Discovery Channel acertaria.
Por outro lado, houve questões mais complicadas (ao menos para mim) como
condutas proctológicas muito específicas frente a hemorragias anorretais.
Se
quiseres passar no Revalida, estudais GO. Sem esse conhecimento é virtualmente
impossível uma aprovação. Nas questões finais, prevaleceu a GO; GO e Ped,
aliás. Pediatria, que é bem diferente da CM adulta (e isso todo mundo sabe,
acredito) é outra área que muitos se esquecem de dar atenção e leva pau. Nesse
meu teste, errei muitas questões de pediatria e as poucas que acertei, foi
devido ao fato de conseguir associar às patologias do adulto. Ou seja, preciso
melhorar, e muito, o conhecimento médico em GO e Ped (está certo que ainda nem
estudei isso na faculdade – no próximo e último semestre, começo isso na
faculdade).
Outra
problemática foi, ao meu ver, abordagens equívocas de temas tranquilos como uma
questão que trata do HPV (99). No enunciado, a menina tem 16 anos e a
alternativa correta é “indicar vacinação contra o HPV”, mas não seria somente a
meninas entre 11 e 13 anos?!
No
mais, achei a prova bem tranquila. Não estava difícil como não achei difícil
nenhuma prova do Revalida feita até hoje (exceto a primeira denominada “Projeto
Piloto”). Falando de mim, ajuda ter trabalhado 10 anos no setor público
brasileiro onde vivenciei diversas rotinas que hoje me servem para saber pensar
e acertar algumas questões.
4.
Avaliação Quantitativa
4.1.
Prova Objetiva
Abaixo
consta um resumo de tudo o que caiu na prova do Revalida 2013. Criei uma
espécie de banco de dados contendo os principais assuntos abordados para ter
uma boa noção daquilo que mais costumam pedir na prova para, como disse antes,
poder me preparar melhor.
Clínica
Médica
|
Cirurgia
Trauma
|
Pediatria
|
GO
|
PSF
|
Medicina
Legal
|
Outros
|
|
Nº
questões
|
32
|
16
|
22
|
23
|
10
|
3
|
4
|
Infecto
|
5
|
2
|
3
|
2
|
5
|
||
Reumato
|
1
|
2
|
1
|
||||
Gastro
|
8
|
5
|
6
|
1
|
|||
Legislação
|
1
|
1
|
5
|
1
|
|||
Ocupacional
|
1
|
||||||
PSQ
|
1
|
1
|
1
|
1
|
|||
Condutas
Parto
|
1
|
2
|
10
|
4
|
1
|
1
|
A
conta da tabela não fecha, pois há questões que se encaixam em perfis
diferentes de especialidades; é comum haver questão que está inserida na
especialidade (como infectologia, p. ex.), e clínica médica, pediatria ou
cirurgia. Casos de trabalho de parto inseridos no contexto de medicina legal ou
bioestatística (morte materno fetal) e de PSF (Saúde da Família) na mesma
questão. Outra situação, por exemplo, é de encontrar questão falando de gastrenterologia
e infectologia ao mesmo tempo; e isso não aparece na tabela. As especialidades
se misturam e se complementam, ou seja, a prova não divide claramente as
especialidades, pois trata-se de uma prova de conhecimentos gerais acerca da
medicina dirigidos, obviamente, a médicos.
Analisando
objetivamente a prova, percebe-se claramente que ela é voltada para médicos que
conhecem bem a estrutura e funcionamento do SUS; é necessário, antes de
qualquer coisa, conhecer os protocolos do Ministério da Saúde Brasileiro, como
o de doenças crônicas, de doenças infecciosas e de legislação. Os conceitos
básicos do SUS devem ser dominados, como a ideia básica da descentralização, da
referência e contra referência, da hierarquia do atendimento e direito ao
acesso aos serviços de saúde universal (que é mais complexo do que simples
conceitos).
No que diz respeito ao tempo para realização da prova, na minha opinião, cinco horas está de bom tamanho.
4.2.
Prova Discursiva
A
prova discursiva consta de cinco questões aonde você deverá discorrer acerca do
caso clínico dado. Normalmente pedem o diagnóstico, exames subsidiários,
complicações e tratamentos.
A
primeira questão falava de Diabete Mellitus. Pergunta fácil, porém, se não
souber interpretar ionograma, ânion gap, gasometria e bioquímico vai levar pau;
precisa conhecer a insulina e como prescreve-la. Adorei a questão; CM pura do jeito
que eu gosto. A segunda questão tratava de pré-eclâmpsia; relativamente fácil,
se conhece os critérios para Sindrome de Hellp. A terceira tratou de um tema
atípico para provas: incompatibilidade ABO com doença hemolítica; pedia para
explicar fisiologicamente a doença além de determinar tratamento e complicações
possíveis. A quarta questão da condução de casos de saúde pública das doenças
negligenciadas; foi uma questão de geografia. A última questão tratou de
mordedura de cão, como conduzir o caso e as profilaxias. Manjado.
5.
Conclusão
Prova
fácil que qualquer médico deve dominar para trabalhar no Brasil. O índice de
reprovação nesta edição do Revalida (cerca de 1500 inscritos para cerca de 100
aprovados) não traduz a real dificuldade da prova. Traduz o despreparo de boa
parte dos que fizeram, seja por um ensino de pouca qualidade ou desinteresse/alienação
dos revalidandos. Uso o termo alienação porque tem muitos alunos hoje, na
Bolívia (maioria dos candidatos), simplesmente desconhecem os caminhos corretos para se formarem
médicos no Brasil (ou seja, passar na prova). Se apegam demais ao que é dado na faculdade, passam a noite
estudando para tópicos que em grande parte não interessam para o Revalida, leem
tratados atrasados ou que simplesmente tratam de doenças com protocolos
Europeus, Americanos e até mesmo da Bolívia ou Argentina e que é diferente do
Brasil. Por exemplo, no Brasil, para tratar infecção urinária baixa bacteriana
não complicada em paciente imunocompetente, usa-se, não havendo contraindicação,
a nitrofurantoína. Aqui, se ensina como sendo o ciprofloxacino (na prática, no
Brasil, se usa mesmo muito o cipro, mas no consenso, nos protocolos do MS, é a
nitrofurantoína e é isso o que cai em prova); ou seja, não basta saber medicina, é preciso saber a medicina brasileira. Caiu uma questão dessa no Revalida 2012.
É
preciso conhecer a epidemiologia brasileira, os protocolos brasileiros, as
estatísticas brasileiras e a legislação brasileira; ah, e é preciso saber
medicina também.
Lembrando que essa é somente a primeira fase; a segunda fase consta de prova de habilidades clínicas com simulações de atendimentos reais.
Lembrando que essa é somente a primeira fase; a segunda fase consta de prova de habilidades clínicas com simulações de atendimentos reais.
Links
das provas:
Boa tarde! Parabéns pela publicação! Foi muito útil pra mim.. Qual o melhor curso preparatório para o revalida na sua opinião?
ResponderExcluirBrother, na minha opinião é o medcel ou medcurso. Esses te preparam além do necessário para o Revalida.
ExcluirGrande abraço.
Você estuda pelo MEDCEL OU MEDCURSO ?
ResponderExcluirEu ja assisti a todos os videos do Medcel 2010 (o melhor de todos os tempos) e quase todos do Medcurso 2012. Na minha opinião, o Medcel é melhor. Acho ele mais complexo de entender, entretanto, de um conhecimento mais profundo dos temas. O Medcurso, a meu ver, é melhor para acompanhar quando estiver bem próximo de fazer a prova, pois ele é bem mais objetivo do que o Medcel.
ExcluirO Medcel 2010, intensivo e extensivo, é a coleção mais completa que tem. De la para cá pouca coisa mudou.